Brasil registra maior deflação em 3 anos: o que muda no bolso do consumidor



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O cenário econômico brasileiro voltou a surpreender em agosto de 2025. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) apresentou retração de 0,11%, marcando a maior deflação em três anos.

Esse resultado foi impulsionado principalmente pela queda no preço dos alimentos (-0,46%) e das contas de luz (-4,21%), oferecendo certo alívio ao bolso dos consumidores.

O que significa essa deflação para o consumidor?

Embora a deflação seja um sinal positivo imediato para os consumidores, especialistas alertam que o movimento é pontual e não necessariamente indica uma tendência de longo prazo.

O alívio nas contas de luz e nos alimentos é bem-vindo, mas a inflação acumulada segue acima da meta oficial, o que exige cautela no planejamento econômico.

Deflação após um ano e impacto na inflação acumulada

A última vez que o Brasil registrou deflação havia sido em agosto de 2024, quando o índice caiu 0,02%. O desempenho de agosto deste ano representa a maior redução desde setembro de 2022, quando o recuo foi de 0,29%.

Mesmo com a queda, a inflação acumulada em 12 meses permanece em 5,13%, ainda acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5%. Para comparação, no mesmo período do ano anterior, o IPCA estava em 4,24%.

Especialistas e o próprio Banco Central projetam que a inflação só deve retornar ao centro da meta de 3% no início de 2026, reforçando que os próximos meses ainda devem apresentar desafios de estabilidade de preços.

Energia elétrica mais barata com o “Bônus Itaipu”

Um dos principais fatores para a deflação foi a queda expressiva nas tarifas de energia elétrica, que recuaram 4,21% em agosto, após três meses seguidos de aumento.

Esse movimento deve-se ao repasse do chamado “Bônus Itaipu”, resultado de uma distribuição de R$ 936,8 milhões do saldo positivo da usina hidrelétrica binacional.

Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), cerca de 97% dos consumidores residenciais e rurais foram beneficiados com um desconto médio de R$ 11,59 nas faturas de agosto.

No entanto, a adoção da bandeira tarifária vermelha patamar 2 limitou uma queda ainda maior, adicionando uma cobrança extra de R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos.

Alimentos em queda: tomate, batata e arroz puxam redução

O grupo de alimentação e bebidas também contribuiu fortemente para a deflação. Os preços caíram 0,46%, marcando a terceira retração consecutiva. Entre os itens que mais baratearam estão o tomate (-13,39%), a batata-inglesa (-8,59%), a cebola (-8,69%), o arroz (-2,61%) e o café moído (-2,17%).

Segundo o IBGE, a queda está ligada à maior oferta de produtos no mercado, resultado de boas colheitas e condições climáticas mais favoráveis.

Já a alimentação fora do domicílio manteve-se alta, embora de forma mais moderada: os preços subiram 0,50% em agosto, com destaque para os lanches (+0,83%) e as refeições (+0,44%).

Transportes e combustíveis também recuam

O grupo de transportes apresentou queda de 0,27%, influenciada pela redução de 2,44% nas passagens aéreas, reflexo do fim das férias escolares.

Nos combustíveis, a gasolina caiu 0,94%, acompanhada por reduções no etanol (-0,82%) e no gás veicular (-1,27%). Apenas o óleo diesel registrou leve alta de 0,16%.

Agosto trouxe uma boa notícia para os lares brasileiros, mas os próximos meses serão decisivos para avaliar se esse fôlego no orçamento se sustentará.

Fonte: capitalist